TER. 12.OUT / 21H30 / IPDJ

Arte M'Bale
de António Ribeiro de Carvalho · Angola, 1973 · 9'

Cinema de amadores no coração de Angola na página inaugural da rubrica Voos Domésticos, com a presença do realizador.

Em Moçâmedes, província do Namibe, Angola, coincidindo com os primeiros anos de percurso profissional no Direito, António Ribeiro de Carvalho explorou a realização de filmes documentais. Arte M’Bale reporta-se ao cemitério dos negros (e seus descendentes) que os Portugueses de Pernambuco consigo trouxeram quando, em meados do séc. XIX, rumaram a Angola, assim como dos negros, nomeadamente do interior de Benguela e de Luanda, recebidos como mão-de-obra para as indústrias e agricultura que os primitivos colonos implantaram, os quais entre si se chamavam M’Bales. E por essa designação passaram a ser conhecidos. Arte M'Bale foi exibido em estreia no Festival Internacional de Cinema de Amadores do Lobito, em 1973.

Moçâmedes era o maior exportador de mármores para a Europa, e as campas dos brancos eram de mármore, as dos pretos tinham uma pedra porosa e trabalhável. Num dia em que fui a um funeral, ao cemitério dos brancos, reparei que havia um cemitério invulgar ao lado e disse “Isto é um museu ao ar livre”. Este é o despretensioso documentário sobre essa arte funerária “afro-cristã”, que intitulo de Arte M’Bale, feito no já longínquo ano de 1973.
António Ribeiro de Carvalho

O Movimento das Coisas
de Manuela Freitas · Portugal, 1985 · 85'

Em 2021, 36 anos depois de concluído, O Movimento das Coisas tem a sua estreia, em cópia restaurada pela Cinemateca Portuguesa. A sessão é apresentada pela realizadora Melanie Pereira.

O Movimento das Coisas é um dos filmes mais curiosos que nas décadas de setenta e oitenta abordaram o universo rural do norte português. Começado a desenvolver no interior da Cooperativa VirVer, em cujos projectos Manuela Serra trabalhou durante vários anos, só seria concluído algum tempo depois. Tudo aquilo que terá sido a razão de ser da maior parte dos outros filmes documentais, sobretudo etnográficos, parece ter sido aqui depurado, senão eliminado, gerando outros sentidos.

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SÁB. 16.OUT / 21H30 / IPDJ

Trinta Lumes
de Diana Toucedo · Espanha, 2018 · 81'

A sessão de encerramento fica a cargo de um dos filmes programados para a rubrica Querida Galiza.

Alba, de 12 anos, é atraída pelo lado misterioso, desconhecido e fascinante da morte. Ela e o seu melhor amigo, Samuel, entram em casas abandonadas, exploram cidades em ruínas e mergulham em florestas montanhosas que escondem mundos paralelos. Uma busca inocente pelos mistérios da luta entre a vida e a morte. Trinta Lumes entrelaça ficção, documentário e misticismo para contar uma história dos mundos natural e sobrenatural no coração de uma pequena comunidade no interior da Galiza (filmado numa aldeia da Serra de O Courel, Lugo). Em 2018, o filme foi nomeado para os prémios Goya em nove categorias diferentes, já depois da estreia mundial no Festival de Cinema de Berlim.

Queria mostrar uma ideia de tempo que é profundamente galega, em que o passado, o presente e o futuro estão entrelaçados, e não é já uma ideia de tempo linear e estanque. No filme fica claro que esse passado continua bem vivo e latente.
Diana Toucedo

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