José Vieira, realizador em foco

Fotogramas de A Fotografia Rasgada, de José Vieira.

Um panorama à volta do cineasta português José Vieira, que estará presente e de quem serão exibidos quatro filmes, acompanhado por um colóquio com vários convidados.

José Vieira aprendeu a filmar no terreno e entrou no mundo do documentário como uma forma de militância, transportando realidades sócio-políticas para o seu cinema. A história da emigração clandestina portuguesa para França, os bidonvilles em França, o interior de Portugal e os que ficam, alguns dos desafios de uma filmografia singular mas ainda insuficientemente conhecida em Portugal.

Nascido em Oliveira de Frades, José Vieira parte para França em 1965, com sete anos de idade. A partir de 1985, impulsionado pelas transformações políticas em Portugal e pela pertença a movimentos de solidariedade com os imigrantes, realiza cerca de trinta documentários para a France 2, France 3, Cinquième e Arte, traçando o retrato da imigração em França com base na sua experiência pessoal e nas histórias individuais que foi conhecendo. Este é um ponto incontornável da programação vistacurta 2019, que terá lugar em Viseu, de 29 de Outubro a 02 de Novembro.

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Filmes a exibir:
A FOTOGRAFIA RASGADA (2002)
O PÃO QUE O DIABO AMASSOU (2012)
SOUVENIRS D'UN FUTUR RADIEUX (2014)
A ILHA DOS AUSENTES (2016)
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"Os filmes de José Vieira situam-se num imaginário realista e pungente onde a existência encontra as suas limitações e ensejos."

Lisbon & Estoril Film Festival, 2017

"Se vamos a ver, a maior parte das pessoas que chegam à Europa, hoje, são pessoas que fogem a ditaduras. Do que é que a gente em Portugal fugia senão a uma ditadura?"

José Vieira

"Entre 1960 e 1970, fomos 1400000 portugueses a fugir do país. Porque se trata de uma verdadeira fuga, vivida primeiro como uma ruptura, não com Portugal, mas com o regime de Salazar, com a miséria e a guerra. É claro que é doloroso emigrar e partir para o desconhecido. Mas eram poucos aqueles que então imaginavam que seria uma partida definitiva."

José Vieira

"Tento fazer filmes sobre o que Hegel chama os povos sem história, esses mesmos que não figuram nos manuais escolares. No coração da narrativa dos meus filmes, há pessoas que falam da vida que tiveram de levar, das rupturas e feridas infligidas pelo curso violento da história. Com a minha câmara, tento soltar as memórias para revelar a história"

José Vieira